Quando a gente começa a falar qualquer coisa além de gugu-dádá e andar um pouquinho melhor que nossos queridos pais nos mandam pra escolinha. Lá, nossa missão é basicamente a mesma de sempre: desenhar, pintar, comer, brincar no parquinho, dar trabalho pros grandões e fazer bastante cocô. A diferença é que até então nós não tínhamos convivência com outros serezinhos parecidos conosco. E não é que eles existem?! Eles desenham, pintam, comem, brincam, dão trabalho e fazem cocô adoidado igual a gente. Eba! Depois de um tempo a gente vai pra escola e vai conhecendo mais gente-como-a-gente, e é aí que as afinidades falam mais alto e você vai ficando junto com aqueles caras que também são flamenguistas, curtem os filmes do Tarantino e assistem Chaves. Todos são um pouco diferentes, mas a base é sempre a mesma. Até que você percebe que pra se tornar amigo de alguém não basta interesses em comum. É preciso aquela química, aquele 'tchan' que só a convivência traz. Anos se passam, o paraíso vai sendo arranjado e tudo vai dando bem no mundo das amizades coloridas e felizes. Então, quando tudo parece arranjado, você se depara com uma situação inusitada: encontra uma pessoa que tem tudo a ver com você, mas mora a quilômetros de distância e vocês nunca se viram. A falta do face-to-face é compensada pelas conversas na web, e assim a amizade vai sendo aprofundada, com a super ajuda do computador e o santo Orkut. Por fim, você faz um amigo novo sem nem ao menos ter visto a cara do indivíduo. Hoje você não brinca no parquinho, mas ainda dá trabalho pros grandões. Continua fazendo cocô (mas já aprendeu as utilidades de um vaso sanitário) e segue sendo flamenguista, porque isso é até morrer. Os amigos diários ainda estão ali fazendo parte do seu mundo, mas agora eles têm que dividir seu tempo com os online, porque hoje é tudo assim. Inclusive esse amigo secreto.


Blog da Monica: Chronicles about me